O Inventário Pessoal (14) - Conclusão

Chegamos ao fim desta da dimensão "Inventário Pessoal" do trabalho neste Caminho. Dentre as dimensões que relacionamos (As dimensões do Caminho), penso que o inventário pessoal seja a mais difusa, menos conhecida em sua relevância, menos abordada em seu proceder e, possivelmente, a menos praticada pelos pathworkers, de uma forma geral.

Se observarmos bem, as dimensões tratadas até aqui — a leitura das palestras, o grupo de estudo, a revisão diária e o inventário pessoal — constituem a plataforma inicial em que o pathworker geralmente "deslancha" no processo Pathwork. É a combinação que associa o aprendizado dos conceitos fundamentais desta metodologia, a vivência interpessoal, prática e compartilhada do que é este caminho e o primeiro investimento em uma autoobservação muito profunda e diligente. O inventário pessoal consolida este primeiro impulso no Caminho bem como ousa se expandir e se aprofundar na investigação sobre áreas internas muito específicas.

Todo esse material teórico, vivencial e de autoobservação será material precioso para ser elaborado na dimensão que trataremos na sequência: a terapia individual. Perceba com que riqueza e nível de consciência mais preparado o aluno chega para um mergulho em sua psique com o apoio de um helper ou outro profissional capacitado para este trabalho. O aproveitamento deste empreendimento será de uma qualidade bastante superior. É do potencial único do método Pathwork em gerar autopurificação de que estamos tratando, e o método será ainda complementado por outras dimensões, e se expandirá em uma espiral virtuosa de amadurecimento psicológico e espiritual, como abordaremos nos próximos capítulos.

A espiral do autoconhecimento - Pathwork
Espiral representativa do autoconhecimento

Há um conceito do Pathwork que, desde que o conheci e assimilei sua verdade a partir de minha vivência no caminho, sempre considerei muito valioso. Trata-se dos três níveis de realidade: aquilo que se acredita que é, aquilo que de fato é, aquilo que pode vir a ser. Este é o tema da palestra Três níveis de realidade para orientação interior (162). Como os nomes que definem estes três níveis sugerem, há uma gradação crescente de estado de consciência entre eles. O autoconhecimento busca nos fazer percorrer estes níveis de consciência em cada um dos aspectos de nossas distorções internas.

A pessoa autoalienada pode se encontrar, em grande medida, num estado ainda anterior àqueles citados: trata-se do estado de “pré-realidade”. E viver neste estado de pré-realidade ― que significa estar efetivamente imerso em ilusão ― é a tragédia que acomete a maioria das pessoas.

O Guia é assertivo em afirmar que autoconhecimento e autotransformação são coisas distintas, mas que, sem o primeiro, a segunda não tem chance de se realizar. Ou dito de outra maneira, o conhecimento intelectual de nossas correntes internas não é condição suficiente para a autotransformação ocorrer, mas seguramente é condição fundamental.

O inventário pessoal é uma ferramenta efetiva na promoção de autoconhecimento profundo. Trazer à luz da consciência, preto no branco, todo esse conteúdo interno, nos faz avançar pelos níveis crescentes de realidade que citamos. E isso ocorre porque esta prática consolida um mapa de nossa realidade interna, aprofunda nossa reflexão e autoconsciência, ajuda-nos a ressignificar falsas-crenças e nuances da forma como enxergamos a nós mesmos e a nossa vida.

Como já dissemos, as dimensões do Caminho complementam e aprofundam uma a outra. Seguimos neste blogue uma sequencia intuitiva do trabalho, que não é cronológica. Com exceção da dimensão "PPTP" (Programa Pathwork de Transformação Pessoal, também conhecido como "Formação"), que necessita de um tempo de caminhada para a sua realização, as demais ocorrem livremente, de forma geralmente sobreposta, ou até intermitente, em um sistema aberto. 

Sigamos nossa jornada por outras paisagens. 


Muita paz!

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