A Terapia (3) - Sua relação com as outras dimensões do Pathwork

 Vejamos como a dimensão da Terapia se relaciona com as demais dimensões do Caminho de autotransformação do Pathwork. Como vimos dizendo, o Pathwork é multidimensional e os esforços empreendidos em cada aspecto têm uma sinergia muito positiva entre si. O resultado é que o objetivo do autoconhecimento e da autotransformação avança mais rapidamente por causa desta interação complementar e mutuamente enriquecedora.

De início, importante ressaltar que facilitadores de Pathwork, aqueles que concluíram a primeira fase do Programa Pathwork de Transformação Pessoal (PPTP-1), não têm autorização para atender pacientes no método Pathwork, nem tampouco divulgar esta habilitação para fins de prestação de um serviço individualizado de terapia. Esta é uma prerrogativa exclusiva de helpers de Pathwork, que são aqueles que concluíram também a segunda fase da Formação (PPTP-2), se devidamente autorizados por suas regionais. Para isso, as regionais têm seus canais para disponibilizar ao público a relação de facilitadores e helpers de Pathwork autorizados.

Nas próximas postagens, nos aprofundaremos na dinâmica de um processo terapêutico, cujo êxito depende de qualidades tanto do terapeuta como do paciente e da interação construtiva entre eles. Neste artigo, veremos como o esforço empreendido pelo próprio pathworker nas demais dimensões do seu Caminho pode contribuir para o que ele trará à terapia. Estamos nos referindo à qualidade da motivação, do conteúdo interno que é acessado, da honestidade e compromisso que ele conseguirá agregar ao processo. Esta é a parte do paciente, e é uma parte obviamente importantíssima.

Alguns alunos não têm a disciplina para fazer revisões diárias. Muitas correntes internas podem explicar o pouco interesse em uma prática tão poderosa para o autoconhecimento.

Há quem, por falta de hábito, lê pouco, logo, estuda pouco as palestras do Guia. Preferem ir adquirindo a teoria de forma mais lenta, "orgânica", por meio 
dos debates nos Grupos de Estudo ou até por alguma leitura esporádica de palestra, movidos por uma busca pontual e específica.

Há pessoas para as quais a prática da Oração é bastante desconfortável. Pode parecer contraintuitivo, mas existem, sim, pathworkers que são ateus, agnósticos ou que, por qualquer trajetória de vida, a construção de uma espiritualidade não aconteceu. Neste pano de fundo, há questões de fé, confiança, perda de controle e relacionamento com autoridades, sendo a maior delas, Deus.

Ainda, existem aqueles que sentem um bloqueio à prática da Meditação. A mente acelerada, a dificuldade de concentração e a impaciência são algumas das razões alegadas para explicar esta resistência. Meditam muito pouco ou nada.

Dificuldades com a expressão em qualquer das dimensões do Pathwork acontecem com frequência. Mencionamos anteriormente alguns exemplos. Estas obstruções devem ser objeto de autoestudo, como com qualquer outro aspecto de nossa personalidade. O Caminho é precisamente isto: nada fica de fora; tudo é oportunidade para autoconhecimento e autotransformação.
 
Então, a seguir relacionamos a interação positiva entre cada dimensão e a Terapia com um helper. Cada pathworker terá sua combinação própria de dimensões ativas em seu Caminho. Isto depende do estágio em que se encontra no caminho do Pathwork  inicial, intermediário ou avançado , e da sua afinidade e interesse em ativar cada dimensão específica.

Como em um sistema de engrenagens, as dimensões práticas do Pathwork contribuem para a ativação (e qualidade) mútuas.

Um pathworker em nível intermediário, que escolheu fazer do Pathwork a base de sua vida,  pode ter todas as dimensões ativas em seu Caminho. E quando este aluno chega à terapia, o seu esforço nas outras dimensões pode contribuir da seguinte maneira:


Leitura das palestras:

O estudo das palestras confere ao aluno uma ampliação muito grande de conceitos sobre a natureza psicológica e espiritual do ser, dos mecanismos e leis sobre os quais a vida se desdobra, sobre a realidade do mundo espiritual (sempre em estreito contato com a realidade material em que vivemos). As palestras ajudam a situar o pathworker em seu Caminho, a fazê-lo compreender cada vez melhor a natureza do que vive nesta encarnação. Com tal conhecimento, ele estará em melhor condição de aprofundar, na interação com o seu helper, a compreensão de correntes internas e situações de vida — por vezes, até suas questões cármicas, por que está passando. 

O Guia deixa claro que o conhecimento teórico sobre as verdades espirituais nunca (mesmo!) é condição suficiente para o processo de autotransformação, mas que é uma condição necessária, imprescindível.

 Em terapia, esta consciência teórica mais ampla auxilia muito a melhorar a qualidade das trocas entre helper e paciente. Começam a falar a mesma "língua", e mais facilmente o processo terapêutico entra em uma boa dinâmica e compreensão de onde se está na jornada pessoal e para onde é adequado olhar e caminhar. 


Grupo de estudo:

O Grupo de Estudo auxilia a dimensão Terapia do Caminho de duas maneiras. Primeiramente, aprofunda a compreensão das palestras, devido ao programa de estudo das palestras e debate sobre o seu conteúdo. Em segundo lugar, e mais importante, pelo seu rico aspecto vivencial. O Grupo de Estudo dá ao aluno uma experiência de comunidade (fraternidade), permitindo-o conhecer a realidade íntima de outras pessoas, bem como revelar aos pares os seus conteúdos internos. Com isso, aprende, reduz defesas e segredos e relaciona-se consigo e com os outros em um nível de mais verdade. 

Este aspecto relacional do Grupo de Estudo — as trocas pessoais — costuma fornecer material muito significativo para ser trabalhado em terapia. Em certos momentos, saber da realidade íntima e de vida de colegas de Caminho é um referencial útil para dar os seus próprios passos.

O Grupo de Estudo também permite ao helper observar a personalidade de seu aluno em um ambiente diferente, e coletivo, fora do "setting terapêutico". Colocar foco na análise destas percepções pode ser precioso para o trabalho com o paciente. 


Revisão diária:

A Revisão Diária promove autoconhecimento de um modo muito eficaz, e até rápido. Ela é um exercício permanente de autoenfrentamento, em que somos testados na capacidade de sermos honestos ao refletir sobre as ocorrências de nossa vida. Com isso, gera ampliação da autoconsciência. 

No tempo, esta prática produz para o pathworker um mapeamento de padrões de sentimento, pensamento e reação emocional. A Revisão Diária  mantém o universo interno, o inconsciente, em movimento, o que contribui bastante para a "permeabilidade" do processo terapêutico, ou seja, a abertura para novos pontos de vista e a permissão de se questionar honestamente sobre certas assunções, por exemplo. 

Obviamente, esse tanto de material será naturalmente trazido para observação na terapia com o helper, com a chance de se conseguir, em conjunto, elaborações muito importantes. 


Inventário pessoal:

O Inventário Pessoal, com seu foco em particularidades de nossa história de vida e personalidade, complementa, aprofunda e estrutura o autoconhecimento obtido por meio da Revisão Diária. Ela gera, por fim, um valioso mapa e acervo do conhecimento de si. Tudo isso, inevitavelmente, é levado para a terapia, agregando e contribuindo muito no processo terapêutico. 

O conteúdo dos sonhos, por exemplo, que registramos no "caderno de sonhos", pode ser objeto de elaboração com seu helper e percepções significativas sobre as correntes inconscientes podem advir disto.


Oração:

A prática da Oração ajuda a manter o pathworker mais conectado com o mundo espiritual e mais acessível para receber ajuda. Ademais, a Oração é uma prática que proporciona clareza mental e propósito. Pode-se, inclusive, orar para o bom andamento da terapia, orar por coragem e honestidade necessárias à autoinvestigação. 


Meditação:

A Meditação é uma das mais importantes prática em um processo de autotransformação. Para citar um de seus efeitos mais relevantes, ela ajuda a recuar e tornar mais porosa a barreira que separa as nossas mentes consciente e inconsciente. A Meditação, por isso, contribui muito para a integração de nossa personalidade e para a diminuição do medo de sentir qualquer sentimento que passe por nosso sistema ou que esteja, há muito, congelado e reprimido. Esta experiência é facilmente transferida para a terapia, no momento de lidar com resistências a enfrentar reconhecimentos difíceis, por exemplo.


PPTP (Formação):

A Terapia é o melhor espaço para elaborar o conteúdo que emerge durante a participação em um programa de formação em Pathwork (PPTP-1, facilitador; ou PPTP-2, helper), como, por exemplo, dificuldades no relacionamento interpessoal, medos e inseguranças em relação ao processo ou novas percepções em relação a si mesmo. 

O PPTP, dimensão do Caminho que trataremos futuramente neste blogue, é um processo de autoconhecimento muito completo, integrado e profundo. Obviamente que, para gerar este resultado, ele mobiliza muito as nossas defesas e nos tira da zona de conforto. Por regimento, o pathworker em Formação precisa estar, minimamente, em Grupo de Estudo. Fazer terapia ao longo deste processo é, todavia, muito recomendável. 

Por todas as razões mencionadas acima, a Terapia com um helper constitui uma dimensão muito rica do caminho de autoconhecimento e autotransformação, é muito favorecida em sua dinâmica pelo empenho nas outras dimensões do caminho e pode representar em um espaço muito apropriado para elaborar e assimilar dúvidas, percepções e reconhecimentos conquistados  em qualquer das dimensões que estamos considerando. 

Nas próximas três postagens, seguimos nos aprofundando nos conceitos mais relevantes da Terapia com um helper. 

Muita paz!


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