A Leitura das Palestras - No princípio era o verbo...


Em um nível muito essencial, esta realidade dualista e material em que experimentamos a vida é sustentada pelo poder da palavra (ou várias delas) proferida por todos e cada um de nós. A palavra é a semente da criação, e a sua sustentação também. A bíblia sugere que Deus criou o mundo com a palavra e alguns dizem que Ele sustenta toda a Criação por meio dela, ou por meio da intenção que ela carrega.



Uma palavra se agrega a outra, e outras, até que um conceito  uma ideia – surge. Níveis crescentes de complexidade podem se desdobrar a partir deste processo. Nossas mentes consciente e inconsciente estão impregnadas por palavras; por um emaranhado de símbolos, afirmações e interpretações. Tudo isso forma quem somos, e molda o mundo ao nosso redor. Cada palavra tem uma energia e consciência intrínseca. Cada associação gera um resultado diferente, talvez mais abrangente que a soma das partes. A palavra é a porta de entrada para a nossa psique, afirmam muitas correntes psicológicas. E quando uma palavra muda, ou é substituída, deslocada ou reassociada com outras, altera-se a natureza da criação. A modificação pode ser ínfima, sutil, significativa, imensa.

O Pathwork indica que devemos ouvir as palavras que falamos internamente para entender a nossa criação. Compreender a linguagem de nosso inconsciente. 

Uma "imagem", na visão do Pathwork, é um sentimento congelado, uma forma simultaneamente estática e distorcida de enxergar um aspecto da vida porque cristalizamos no inconsciente palavras ou conceitos incorretos. Mudar a qualidade de nosso diálogo interno, portanto, é a chave para a autotransformação.


Quando adquirimos um conceito ou perspectiva novos sobre a vida, e desde que eles estejam fundamentados na verdade, geramos, 
por conseguinte, uma expansão de consciência; e isto abre espaço para a criação de algo novo, se determinadas condições forem atendidas. 

 

Exemplo, se eu recebo a afirmação de uma fonte para mim fidedigna de que a natureza da vida é essencialmente benigna – a partir de um ponto de vista na unidade –, eu tenho a escolha de dar a este pressuposto o benefício da dúvida e tentar assimilar nuances desta hipótese no nível de realidade dual em que vivemos. 

 

Ou, se esta mesma fonte afirma categoricamente que a condição de "vítima das circunstâncias" não é uma verdade do ponto de vista espiritual e em seu lugar apresenta o conceito de total autorresponsabilidade na criação de nossas vidas, terei a escolha de refletir sobre as situações em que nutro vitimismo, associo prazer a esta projeção de culpa, e não me aproprio de correntes minhas cuja reorientação seria a chave para uma importante mudança pessoal.


Assim, é possível afirmar que para qualquer criação acontecer é preciso que antes ela seja concebida em nosso campo mental. Todo ato criativo é originalmente concebido, compreendido e gestado no intelecto, necessitando, em etapas posteriores, do concurso da ação e da conexão com o sentimento para a sua melhor manifestação. 

 

As centenas de palestras do Guia do Pathwork representam um manancial de conhecimento enorme, e de uma qualidade única, sobre a nossa natureza psicológica e espiritual, a realidade da Vida em seus vários níveis e os mecanismos que possuímos para sermos mestres de nosso próprio destino. O estudo das Palestras produz este importante alargamento e aprofundamento de nossas fronteiras intelectuais, o que é instrumental para engendrar uma cadeia de conceitos, reflexões, mudanças de atitudes e reorientações emocionais que serão a base de um orgânico e genuíno processo de autotransformação.

 

Vejamos um trecho do próprio Guia, que ajudará a esclarecer este ponto:

 

 “Há muitas respostas que a pessoa pode descobrir em si mesma, se realmente quiser ― todas as respostas que dizem respeito ao desenvolvimento pessoal, ao autoconhecimento, aos próprios defeitos. Mas tirando isso, é necessário obter conhecimento de fora, por exemplo, conhecimento das leis espirituais, conhecimento sobre o que fazer para superar determinados defeitos e ajuda a conseguir a purificação. Se esse conhecimento do exterior não existir, muitas vezes é impossível descobrir a resposta certa ou qual o próximo passo a dar. Quanto mais conhecimento é obtido do exterior, tanto mais respostas certas a pessoa poderá descobrir em seu próprio íntimo.” Palestra 011 ― Autoconhecimento, o grande plano, o mundo espiritual ―, pág. 09.  

 

É por isso que, no artigo anterior, comentamos que a compreensão racional do Pathwork, nos seus inúmeros conceitos, é condição fundamental neste caminho. Em outras palavras, sem esta dimensão, o Pathwork pessoal não acontece, ou ocorre apenas em ritmo e escopo bem limitados. 
Acho que este ponto acima coloca o pathworker em uma perspectiva bem mais clara. O estudo das palestras é imprescindível. Não se deve subestimar a importância desta etapa do Caminho. E isso deve ser feito com ritmo, autonomia e prazer. 
Esta dimensão do trabalho, obviamente, não é por si só condição suficiente para o processo de autotransformação, pois o ato criativo que é este Caminho parte deste lugar de compreensão, mas necessita que condições complementares sejam atendidas nas outras dimensões do trabalho pessoal. É objetivo deste blogue se aprofundar em cada uma das dimensões do "Pathwork na prática"
Um aluno que conduz um honesto e diligente trabalho de autoconhecimento juntamente com a bagagem de leitura das palestras demonstra mais consciência sobre sua jornada pessoal, consegue se situar melhor na dinâmica do próprio Caminho e, com o tempo, alcança resultados de mais densidade. 
 O conhecido helper americano Donovan Thesenga, falecido no ano passado, disse certa vez que as Palestras do Pathwork são “a mais rica mina de ouro de sabedoria espiritual na face da terra hoje”. Acho que foi John Pierrakos quem se referiu a elas como a "bíblia da nova era", querendo chamar atenção para o valor desta riquíssima revelação espiritual.
Nas próximas postagens abordaremos outros aspectos das Palestras do Pathwork que fazem o estudo delas tão relevante para quem segue este caminho. Trataremos da extensão e particularidades do seu conteúdo, e sobre como elas nos dão alimento espiritual e impulso para seguir a nossa jornada pessoal. 
 
Muita paz!


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