A Revisão Diária - Não exatamente uma novidade
Antes, porém, convém resgatar um pouco do passado, destacando as características mais comuns e os benefícios do hábito de manter um diário. A revisão diária, como a conhecemos no Pathwork, é uma prática semelhante à escrita de um diário, mas com um enfoque específico, como mencionamos anteriormente.
O tempo passa e a consciência evolui. Filósofos gregos da antiguidade clássica tinham o hábito de anotar as suas reflexões. Buscavam, com isso, aguçar o raciocínio e ganhar novos pontos de vista sobre os temas analisados.
Marco Aurélio, imperador romano entre 161 e 180, escreveu o livro “Meditações”, que constitui uma série de reflexões muito pessoais sobre a sua vida, redigidas durante campanhas militares. Em uma conhecida livraria online, a sinopse deste livro diz o seguinte: “Marco Aurélio trava um diálogo interior em busca de verdades fundamentais por meio da razão, sem deixar de lado a sensibilidade”. Muitos consideram Marco Aurélio como uma representação do ideal de Platão do que seria um Rei Filósofo, um governante que reina com sabedoria e virtude.
Nos mosteiros da Idade Média, monges foram incentivados a cultivar a prática de escrever um diário. O objetivo era que, por meio do registro frequente de suas experiências religiosas, pensamentos e orações, eles pudessem identificar pontos de melhoria em si mesmos, manter-se firmes no exercício da fé e aprofundar o relacionamento com Deus.
Leonardo Da Vinci, nascido na atual Itália em 1452 e mestre do Renascimento, deixou vários cadernos manuscritos. Cientista, matemático, inventor, anatomista, escultor, arquiteto, botânico, poeta, músico… Nestes cadernos, ele fazia anotações, diagramas, desenhos sobre sua arte e ciência, mas também reflexões pessoais, que hoje são estudadas com o intuito de entender suas motivações internas e processo criativo.
No século passado, Anne Frank, uma menina judia nascida na Alemanha, em 1929, deixou-nos um legado inestimável por meio de seu diário. Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha ocupou a Holanda, onde a família de Anne Frank morava. Durante cerca de dois anos, ela, sua irmã e seus pais viveram escondidos em Amsterdã. Neste período, Anne, que tinha entre 13 e 14 anos, escreveu diários – na maioria das vezes, cadernos escolares –, em que relatou a rotina do cativeiro e suas reflexões pessoais sobre aquela vivência traumática. Em agosto de 1944, sua família foi descoberta e deportada para o campo de concentração Bergen-Belsen (Polônia), onde foi assassinada, calcula-se, em março de 1945, quando tinha 15 anos.
Os diários de Anne Frank foram encontrados por amigos da família no esconderijo onde moravam, após a descoberta e deportação de todos eles – e antes que o local fosse posteriormente investigado e saqueado pela Gestapo. A publicação das memórias de Anne Frank tornou-se um best-seller mundial. Além do registro histórico, revelou uma menina com uma consciência muito madura. Seu diário é uma reflexão poderosa sobre a condição humana, a luta pela sobrevivência e a esperança persistente em tempos de adversidade.
"Quando escrevo, posso me livrar de todos os meus problemas. Minha dor desaparece, meu ânimo renova-se. Mas, e isto é o mais importante, eu deixo de ter ilusões e meus sonhos se tornam realidade." (O Diário de Anne Frank)
Nesta série de artigos que se inicia agora, vamos mergulhar em detalhes nesta dimensão fascinante e fundamental deste nosso caminho de autoconhecimento.
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