A Revisão Diária (5) - Higiene espiritual
Na dimensão da Leitura das Palestras, aprendemos que devemos dedicar algum tempo, diariamente, ao estudo e assimilação de verdades espirituais, já que isso funciona como uma nutrição para o espírito. Assim como o corpo necessita do alimento, também nosso espírito precisa do "pão nosso de cada dia" para se manter nutrido, saciado. A palestra 16 ― O alimento espiritual ― esclarece sobre este conceito muito importante.
Outra necessidade corporal básica que nós temos, aparte a alimentação adequada, é a higiene. Para além da sensação de bem-estar e conforto que a higiene diária de nosso corpo nos traz, nós também necessitamos dela para manter a saúde geral e prevenir doenças. Com o nosso espírito, não é diferente. A higiene neste nível de ser representa o reconhecimento da verdade do momento, da percepção, sem subterfúgios, de quais são nossos sentimentos e pensamentos; e isto é exatamente o que a revisão diária nos proporciona. O sentimento de alívio e organização interna que sentimos imediatamente após uma sessão de revisão é justamente esta expressão de higiene que proporcionamos ao nosso espírito. Nesse contexto, ao falarmos de higiene espiritual, estamos nos referindo aos campos mental, emocional e espiritual do ser. Da mesma forma que para o corpo, o resultado da higiene do espírito também é bem-estar, conforto, saúde e prevenção de doenças emocionais.
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A revisão diária é como uma higiene para o espírito. |
Anteriormente, nesta série de artigos, recomendamos a realização da revisão diária antes de dormir, quando podemos repassar na memória todo o dia e, ao mesmo tempo, ainda guardamos uma proximidade temporal com cada evento que mereça registro. Há casos, porém, em que a revisão pontual de alguma situação ao longo do dia é salutar. Por exemplo, logo após um acontecimento que, por qualquer razão, nos desestabilize emocionalmente a um ponto muito acima do normal. Em uma situação assim, vale muito a pena fazer uso desse aspecto de higiene mental e emocional da revisão diária próxima ao evento desestabilizador. Isso ajuda a colocar a questão rapidamente em uma perspectiva mais elevada. Conseguimos, em poucos minutos, ampliar nossa percepção sobre a verdade do que se passa no momento, nos aproximar um pouco mais de nosso centro interno, e recobrar alguma serenidade para seguir o dia em uma melhor condição.
A revisão diária, além de proporcionar um aprofundamento contínuo de nosso autoconhecimento, evita que descobertas significativas, emergidas por meio dela, sejam novamente reprimidas em nosso inconsciente. Quando trazemos à consciência algum aspecto da personalidade ou corrente interna que são significativos para o nosso processo pessoal, estes elementos, agora mais superficializados, retornam outras vezes. Passam a orbitar em nosso campo emocional, em nossa subjetividade, para podemos, a cada nova percepção de sua expressão, escrutiná-los uma vez mais, nos apropriarmos o mais possível do seu conteúdo, de sua criação, de suas relações de causa e efeito, até que passem a incorporar definitivamente o nosso consciente. Esse é o processo de expansão da consciência que a revisão diária promove.
Persistir na prática da revisão é,
em certa medida, impor uma derrota diária sobre a defesa. Representa a
escolha por seguir o chamado do eu superior em vez de ceder à linha de menor
resistência do eu inferior.
Quando, todavia, permitimos que a defesa nos vença neste processo de autoenfrentamento, há o risco de que estes reconhecimentos significativos sejam desperdiçados na oportunidade que representam ou até que mergulhem novamente para o inconsciente, como mencionado. No trecho a seguir, o Guia traz uma perspectiva muito interessante para o desdobramento da prática da revisão diária ao longo do tempo. Vejamos:
"Para se tornar mais agudamente consciente da existência dela (a corrente do não), a prática da revisão diária, como vocês aprenderam, é imensamente útil se aplicada nessa direção. A observação e o questionamento das suas reações emocionais deve aumentar em amplitude e profundidade neste caminho, e não diminuir. Se você progrediu na direção certa, você agora observará mais, em vez de menos (ao contrário da ideia errônea de que haverá menos para ver porque você progrediu). A observação minuciosa de suas emoções é o requisito número um". Palestra 124 − A linguagem do inconsciente −, pág. 05.
Desta forma, não devemos nos iludir de que a maior parte do autoconhecimento se dá nos anos iniciais de autoenfrentamento. A citação do Guia mostrada acima afirma que ocorre justamente o contrário. Nosso inconsciente é infinito, e nossa personalidade, eu inferior e defesas se estruturam em camadas. Quando se consegue discernir bem uma dessas camadas e, eventualmente, transcendê-la, acessa-se então outra mais profunda, que se expressará nitidamente nos embates diários de nossa autoanálise. Assim, o autoconhecimento pode se expandir e se aprofundar cada vez mais. Tudo dependerá da qualidade e da honestidade do trabalho pessoal. Esta premissa se confirma quando relemos registros de revisão diária mais antigos e percebemos os lugares internos já transformados, o caminho já percorrido.
A revisão diária é um
recurso essencial para o pathworker que tem a legítima ambição de se
autotransformar por meio deste caminho, trazendo e dando à vida o que tem de melhor,
mesmo que para isso seja necessário atravessar o portal de enxergar e sentir
tudo aquilo que, temporariamente, é o pior de si.
“Este profundo entendimento, que resulta do autoexame incansável, de fato os liberta. Liberta do confinamento, da compulsão e permite que escolham livremente o rumo interior e exterior da sua vida e do seu ser. A mudança é possível unicamente quando é uma escolha livre. Isto, por sua vez, somente é possível quando se atinge um profundo entendimento". Palestra 120 − O indivíduo e a humanidade −, pág. 01.
Concluímos a abordagem da Revisão Diária, uma dimensão básica − e por isso imprescindível − da prática do Pathwork; aquela que o Guia implorou que praticássemos. Há motivo para otimismo. O eu inferior pode, e deve, ser visto e questionado, sem medo nem culpa, no espaço sagrado da revisão diária.
Muita paz!
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