O Inventário Pessoal - O organizador do autoconhecimento
O Guia sugere, de forma dispersa ao longo das palestras, várias formas de autoestudo que buscam analisar objetivamente aspectos específicos de nossa personalidade. Ao longo dos anos, professores e alunos têm realizado essas atividades de autoanálise como meio de aprofundar o autoconhecimento. Trata-se de tópicos de autoestudo que foram propostos e orientados pelo próprio Guia do Pathwork. É possível ainda, caso se queira, expandir esta investigação para outras áreas da personalidade, aplicando-se, de forma análoga, às mesmas instruções dadas por ele para a realização dessas pesquisas.
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Inventário pessoal: análogo a um fichário que consolida o autoconhecimento em suas várias expressões |
Como a revisão diária, o inventário pessoal é um registro escrito, que pode ser feito em um caderno, fichário ou até em arquivos digitais. Como esses registros são contínuos e devem ser atualizados ao longo do tempo, o fichário ou formato digital se mostra o mais prático. Vale ressaltar a importância de proteger a privacidade desses materiais, dado seu conteúdo tão pessoal.
Nesta série de postagens sobre o inventário pessoal, apresentaremos sugestões de tópicos para compor o seu inventário pessoal ― sem pretender se limitar a eles ―, sempre que possível com embasamento teórico do Guia do Pathwork. Os temas estão apresentados em uma sequência que me pareceu coerente, didática e em nível crescente de necessidade de conhecimento teórico ou de autoconhecimento mesmo. No caso, alguns dos temas sugeridos exigem uma conceituação teórica mais aprofundada ― imagem pessoal de Deus, necessidades reais e falsas, intencionalidades negativas, por exemplo ―, bem como um período mais extenso de auto-observação para permitir uma análise com mais conteúdo; consequentemente, tais investigações costumam vir, naturalmente, num momento mais adiantado do trabalho pessoal. Não há nisto, todavia, qualquer rigidez. O pathworker deve escolher os temas que se sentir atraído e pronto para trabalhar. Tampouco há a necessidade de que sejam feitos em série, um após o outro. Pode-se abrir mais de uma frente simultaneamente, até porque cada uma destas análises pode levar um tempo para ser concluída.
A ideia da "espiral do autoconhecimento" se aplica muito bem ao inventário pessoal. Passa-se mais de uma vez pelo mesmo assunto, noutro nível de consciência. Liberdade e autonomia na sua prática, sempre. Trabalhar no inventário pessoal é, essencialmente, o mais importante para o aluno, uma vez que afeta muito positivamente a jornada de autoconhecimento que se quer empreender.
Os primeiros anos de compromisso em um trabalho de autoconhecimento como o Pathwork são, geralmente, os mais profícuos para a construção do inventário. Está-se partindo de uma base muito restrita de autoconhecimento e os resultados do trabalho pessoal de auto-observação e autoenfrentamento logo começam a gerar muito conteúdo sobre realidade interna para reconhecimento, investigação e registro. Todavia, tendo em vista a natureza espiralada da jornada espiritual, com expansão e aprofundamento constante do autoconhecimento, o inventário pessoal não tem um fim. Ele é uma prática continuada, um processo construído no tempo, ainda que os intervalos entre as “rodadas” para revisitar e atualizar os registros sejam longos, pois é preciso algum tempo para se assimilar um maior e mais bem definido nível de autoconhecimento e autoconsciência que mereça, então, uma nova atenção a este trabalho.
Uma sugestão é que os registros tenham as datas de sua conclusão anotadas e que as atualizações futuras, com suas novas percepções sobre cada tema, sejam também datadas e possam ser distinguidas dos registros anteriores. Isso permitirá perceber melhor a evolução no tempo dos sentimentos e das correntes internas. Uma evidência prática da dinâmica do trabalho de autopurificação. É interessante constatar o quê, e em que intensidade, se alterou, e identificar as nuances do que já se sente de modo diferente.
O inventário pessoal sempre será uma base sólida para se apropriar de onde você já esteve e de onde está no presente. Mesmo que já tenhamos conseguido modificar em alguma medida a nossa realidade interna, sempre haverá partes imaturas remanescentes necessitadas de purificação. Nosso inconsciente é infinito, e o nosso eu inferior está sempre presente, revelando-se como em camadas sobrepostas. Acessar o inventário pessoal coloca em uma perspectiva mais abrangente para nós mesmos os principais obstáculos e desafios de nossa jornada, e isto permite que a nossa intuição nos oriente com estratégias eficazes para conduzirmos nosso autoenfrentamento daí para frente.
O inventário pessoal, como consolidador do autoconhecimento, se nutre de todas as outras dimensões da prática do Pathwork. Por sua vez, o mapa da personalidade construída pelo inventário pessoal ― a trama das correntes internas muito bem conectadas pela autorreflexão proporcionada por esta prática ― acaba por retornar favoravelmente para todas as outras dimensões do caminho. Uma bela expressão do dar e receber entre as diversas dimensões da prática do Pathwork.
Escrever o inventário pessoal é um processo profundamente pessoal ― um verdadeiro faça você mesmo ―, que não exige de nós mais do que o compromisso que fizemos conosco ao iniciar este caminho de autoconhecimento proposto pelo Pathwork. Em suma, precisaremos de honestidade com a nossa verdade, coragem para enxergá-la e expô-la, e perseverança na auto-observação. Nada diferente do que nos é solicitado para a revisão diária, a terapia, a autorrevelação de nós mesmos para um grupo de confiança, ou qualquer outro propósito deste caminho.
Quando o Pathwork se torna a base de nossa própria vida, dedicamos a ele algum período de todos os nossos dias, como já mencionamos noutras postagens. O inventário não tem, todavia, a dinâmica rotineira da revisão diária. Podemos caracterizar o inventário pessoal como “ondas” dentro do trabalho pessoal, como campanhas de autoconhecimento, em que essas autoinvestigações mais específicas se dão em bateladas espaçadas no tempo. Logo, de forma natural, o pathworker saberá quando incluir esta prática no foco do trabalho pessoal.
A amostra de temas para autoanálise que serão relacionadas nos próximos artigos é capaz de fazer o pathworker conceber o quanto a construção, ao longo dos anos, de um inventário pessoal honesto, abrangente e profundo pode repercutir positivamente na qualidade do todo o processo de autotransformação. Nesse sentido, ele é um verdadeiro tesouro para esta caminhada; e, como tal, merece nossa atenção e dedicação. Ao consolidar grande parte de todo o abrangente escopo de nosso autoconhecimento, é plenamente possível que, como resultado direto do seu compromisso com o seu Pathwork pessoal, em algum tempo, o inventário construído nos permita identificar, em suas entrelinhas, questões cármicas antes indiscerníveis, bem como aspectos muito evidentes de nossa tarefa de vida.
Alguma dúvida de que escrever o seu inventário pessoal também pode ser uma jornada fascinante?
Muita paz!
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A Prática do Pathwork (3) - As Dimensões do Caminho (umajornadadepathwork.blogspot.com)
Eva Pierrakos (3) - O Recebimento do Pathwork - 1957 a 1979 (umajornadadepathwork.blogspot.com)
O Inventário Pessoal (2) - A autobiografia
O Inventário Pessoal (3) - A lista de defeitos e qualidades
O Inventário Pessoal (4) - Entrevista com pessoas próximas
O Inventário Pessoal (5) - Lista de medos
O Inventário Pessoal (6) - As áreas irrealizadas da vida
O Inventário Pessoal (7) - Resposta a questionários do Guia
O Inventário Pessoal (8) - O trabalho com Imagens
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